LIVRO CÓSMICO
MORTE
No instante final, quando o último suspiro abandona o nosso ser, o que resta de nós? Seremos levados pelo brilho infinito do cosmos, desvanecendo-nos como poeira estelar em um balançar entre dimensões etéreas? Ou renascemos de novo, intatos, abraçados pelo eco divino, atravessando o véu da existência para pintar um novo começo?
O fado da alma é um enigma sideral que beija eras e civilizações, uma inquietude que pulsa no coração, daqueles que ousam questionar os mistérios do infinito.
Alguns dizem que renascemos, guiados pela energia ancestral do karma, aprendendo e transcendendo através de jornadas eternas. Outros acreditam na ressurreição miraculosa celestial, onde seremos chamados à luz para continuar onde o ciclo se dissolveu, transcendendo a própria morte.
Durante séculos, aqueles que vasculharam os segredos da alma foram chamados de alquimistas, sonhadores, hereges, bruxos, profanos, amantes da verdade oculta.
A compreensão do oculto sempre desafiou aqueles que se agarram a verdades absolutas. No entanto fazer perguntas não é profanar.
Buscar o desconhecido não desafia o sagrado, mas honra o mistério e expande a alma para além dos limites universais.
Se somos poeira estelar, então talvez o nosso fado seja amar, desvanecer, regressar, cintilar, apagar, reacender, seguindo ritmos que entrelaçam a eternidade.
Talvez sejamos notas de uma melodia cósmica, que tocam nosso gargalhar, pedacinhos de energia que nunca se desfazem, apenas se transformam como constelações enamoradas, como galáxias sorridentes, como ventos floridos que atravessam o tempo sem fim.
E assim, como numa dança de cisnes seremos fogo, sonhos, saudades, magia, pureza, esperança, renascimento, transformação, ciclos contínuos girando em espirais de um amor primordial que nunca se apaga e que sempre floresce, independentemente da fé que nos guie ou o sentimento que pulsa intensamente dentro de nós.
Dança eterna - Margarida Pires