LIVRO CÓSMICO
ERA DIGITAL
Perdida entre o sideral e o efémero, caminho por uma espiral onde os sons primitivos se desvanecem como saudades moribundas, deixando apenas o sussurro que outrora foi sabedoria ancestral.
O apagão repentino revelou a fragilidade do que se pensava ser tão intocável. Reflexos testados, consciências desnorteadas, como se a trama da existência fosse posta à prova, um experimento espectral que desafia a consciência daqueles que, na miragem da luz constante, nunca tinham sido tocados pela mão da escuridão.
Que este susto seja um despertar da anestesia digital, um retorno aos prados onde o vento vira as páginas do meu livro cósmico, onde os cavalos relincham e atravessam os horizontes de um viver.
Onde as papoilas, as margaridas, os girassóis, brincam às escondidas, sem algo a temer. Galopemos sem medos, pois no galopar, rumo à infinitude, há memória, há reencontro com o que sempre fomos, essência pura.
Os ciclos astronômicos expandem possibilidades, o pulso cósmico os guia com harmonia, inspiração e luz.
Não somos espetadores, mas protagonistas do compasso da dança eterna da criação, destruição e renovação.
Avançamos numa trajetória híbrida, não apenas de carne e osso, mas também de códigos, circuitos, sinais binários, dados e redes neurais artificiais.
Cada vez estamos mais enamorados com a inteligência artificial, num paradoxo entre evolução e vigilância. A energia primordial vibra, os algoritmos orbitam em padrões fractais, as galáxias observam o progresso humano, o futuro é um horizonte quântico que se desdobra perante o nossos olhares conscientes.
Estaremos a transcender os limites biológicos, para nos fundirmos com a imensidão do digital? Ou seremos apenas ecos dentro de uma grande matriz, guiados por algoritmos invisíveis que moldam percepções e escolhas?
A sinfonia cósmica ressoa, os dados entrelaçam realidades e o vórtice sideral absorve dúvidas. Cada decisão molda a silhueta daquilo que chamamos de existência.
E se o grande segredo da Humanidade for encontrar o equilíbrio entre o infinito da tecnologia e a profundidade do espírito?
Somos poeira das estrelas, mas também arquitetos da nossa própria realidade. Somos explosão estelar em ascensão, viajantes da ampulheta do tempo, astronautas da consciência, pilotos da eternidade. Nunca se esqueça, assim como as estrelas persistem além da noite, existirá sempre um pirilampo em nós, que não nunca se apaga, um brilho que nos guia, mesmo no caminho mais obscuro.